Artigos Científicos

Identificada pela primeira vez a presença de microplásticos ambientais no pulmão humano


Link: https://agencia.fapesp.br/identificada-pela-primeira-vez-a-presenca-de-microplasticos-ambientais-no-pulmao-humano/36197/?fbclid=IwAR3C8zsV6LQVCds1nW4RSTiEcnxpIWdzWssPaecS3elNxku5EbeVqvuwyZw

Agência FAPESP
* – A presença de microplásticos ambientais no pulmão humano foi documentada pela primeira vez por pesquisadores da Universidade de São Paulo (FM-USP) em artigo publicado no Journal of Hazardous Materials.

A pesquisa, financiada pela FAPESP, foi desenvolvida por grupos do Instituto de Química e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas da USP, em parceria com uma equipe da Faculdade de Medicina (FM-USP) coordenada pela professora Thais Mauad.

Foram analisadas amostras de 20 tecidos pulmonares, das quais 13 peças continham resíduos de microplásticos. O material foi quantificado e caracterizado pelos pesquisadores com auxílio de espectroscopia Raman – uma técnica fotônica de alta resolução que pode proporcionar, em poucos segundos, informação química e estrutural de quase qualquer material. As análises revelaram a presença de partículas poliméricas menores do que 5,5 micrômetros (µm, a milésima parte do milímetro), bem como de fibras que variavam entre 8,12 e 16,8 µm. Os polímeros mais frequentemente determinados foram o polietileno e o polipropileno. Segundo os autores, a contaminação dos pulmões ocorreu por inalação.

“Somos o primeiro grupo no mundo a obter e publicar essas conclusões”, afirma Luís Fernando Amato Lourenço, pesquisador do Departamento de Patologia da FM-USP e bolsista da FAPESP, em entrevista para a Assessoria de Comunicação da FM-USP.

O projeto foi realizado dentro do Programa São Paulo Researchers in International Collaboration (SPRINT) da FAPESP em acordo de cooperação científica com a Universidade de Leiden, dos Países Baixos.

Estudos anteriores já haviam demonstrado que os microplásticos estão presentes no ar de grandes metrópoles e que as pessoas inalam essas partículas ou fibras. A pesquisa da FM-USP indica que, uma vez no meio ambiente, essas partículas e fibras são muito heterogêneas e tendem a se ligar a outros poluentes presentes no ar ou mesmo vírus e bactérias, servindo como vetores. Dessa forma, existe grande potencial de os microplásticos com esses contaminantes e microrganismos agregados serem respirados pelas pessoas.

“O tema sobre microplásticos e saúde humana ainda é extremamente recente. Com os resultados, evidenciando que diferentes tipos de microplásticos chegam até o sistema respiratório humano, os pesquisadores poderão elucidar quais são os potenciais efeitos adversos desses compostos na saúde. Esse é justamente o próximo passo da nossa pesquisa na FM-USP”, comenta Lourenço.

No momento, o grupo de cientistas responsável pelo estudo já faz o acompanhamento do ar da cidade de São Paulo para mensurar o quanto dessas partículas estão presentes em ambientes externos e internos.

O artigo Presence of airborne microplastics in human lung tissue pode ser lido em www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0304389421010888
 

Abstract

Plastics are ubiquitously used by societies, but most of the plastic waste is deposited in landfills and in the natural environment. Their degradation into submillimetre fragments, called microplastics, is a growing concern due to potential adverse effects on the environment and human health. Microplastics are present in the air and may be inhaled by humans, but whether they have deleterious effects on the respiratory system remain unknown. In this study, we determined the presence of microplastics in human lung tissues obtained at autopsies. Polymeric particles (n = 33) and fibres (n = 4) were observed in 13 of 20 tissue samples. All polymeric particles were smaller than 5.5 µm in size, and fibres ranged from 8.12 to 16.8 µm. The most frequently determined polymers were polyethylene and polypropylene. Deleterious health outcomes may be related to the heterogeneous characteristics of these contaminants in the respiratory system following inhalation.

 

 



VOLTAR